No Vale, empresas se perguntam: ‘Por que estou aqui?’ O mercado imobiliário teme a resposta


Com algumas gigantes de tech querendo tornar o home office uma realidade permanente, a discussão mais quente no Vale do Silício é sobre o futuro do mercado imobiliário da região.

Enquanto alguns projetam uma migração em massa de talentos da Califórnia, com uma perda relevante de arrecadação, outros esperam uma maior concentração em regiões periféricas (e mais baratas) do Estado.

Pelo menos uma coisa parece ser unânime: depois da pandemia, uma das regiões mais ricas do mundo passará por transformações estruturais.

O debate se acendeu depois que o Facebook disse que estuda tornar o trabalho remoto permanente, engrossando uma fila que já conta com o Twitter e a Square (ambas controladas por Jack Dorsey). Numa live há algumas semanas, Mark Zuckerberg projetou que metade de seus 48 mil funcionários trabalharão de casa daqui a 10 anos.

Essa projeção pode servir de inspiração para outras empresas do Vale, gerando impactos colossais no mercado imobiliário da Califórnia.

Desde que a pandemia começou, o custo de moradia na região de Bay Area já sofreu uma queda significativa. Em São Francisco, os aluguéis caíram 7% em abril; enquanto em Menlo Park, onde fica a sede do Facebook, a queda foi de 15%.

Todo mundo parece ter uma opinião sobre o assunto.

Chamath Palihapitiya, um dos primeiros executivos do Facebook e hoje dono da Social Capital, acha que a implicação mais importante deste movimento permanente de ‘trabalhar de casa’ será na arrecadação dos Estados.

“Os Estados do ‘Sun Belt’ (região do sul e sudeste dos Estados Unidos) com custo de moradia acessível e impostos baixos verão um fluxo de trabalhadores ricos e educados,” vaticinou o investidor. “[Outros] Estados terão que diminuir seus impostos para continuar atrativos. O maior perdedor será a Califórnia.”

Conor Dougherty, repórter de economia do The New York Times, se mostrou mais cético: disse em sua conta no Twitter achar mais provável que os trabalhadores se mudem para os subúrbios da Califórnia em vez de sair completamente do Estado.

Jason Calacanis, um investidor de tech, resumiu o dilema. “Toda a discussão hoje no Vale do Silício é: ‘por que eu estou aqui? Por que estou pagando esses preços [altos]? Por que estou lidando com esse governo disfuncional no nível local e estadual?’,” ele disse à CNBC.

Segundo ele, com as empresas aprendendo a trabalhar de casa as pessoas estão percebendo que é possível se livrar do segundo ou terceiro maior custo das companhias — mantendo um negócio eficiente (demitindo os que não se adaptam ao home office e mantendo os que performam bem).

“Em vez de contratar alguém no Vale a um custo de US$ 40 mil por ano, as empresas poderão contratar qualquer um que seja bom em qualquer lugar do mundo, porque agora elas perceberam que são capazes de gerenciar essas pessoas mesmo trabalhando de casa.”

O Facebook nem colocou a política de pé — e já está falando em reduzir salários.

Zuck disse que a partir da implementação do home office, os salários no Facebook serão ajustados de acordo com o custo de vida do lugar onde os funcionários moram.

Para evitar fraudes, a empresa vai conferir a declaração de endereço checando o local de login de seus sistemas internos.

Fonte: Brazil Journal

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